

C. J. Marvin, cantor e pianista ítalo-australiano, destaca-se internacionalmente como o frontman de The Elton Show, uma produção empolgante que presta homenagem à trajetória musical e visual de Elton John. O espetáculo abrange quatro décadas de sucessos — de “Your Song” e “Saturday Night’s Alright for Fighting” até “Can You Feel the Love Tonight?” — mantendo-se fiel à essência e ao espetáculo do ícone britânico.
Ele cativa tanto o público quanto a crítica não apenas como um imitador visual, mas como um artista que canaliza o “espírito” de Elton — reflexo de sua decisão de criar um show que fosse mais do que apenas uma apresentação de covers. Com figurinos vibrantes e piano ao vivo, C. J. é frequentemente elogiado pelos espectadores: “Quando C. J. canta, você realmente acredita que é o Elton.”
Um ponto de virada importante aconteceu em 1984, em Milão, quando Marvin encontrou Elton John e sua banda no saguão de um hotel. Segundo relatos, impressionado, Elton exclamou: “Você é o melhor eu que já ouvi!” — uma frase que se tornou emblemática na trajetória de C. J.
Além de seu talento vocal e de palco, C. J. possui uma sólida formação musical. Nascido em Melbourne em 1964, mudou-se ainda criança para Trieste, na Itália, onde estudou piano clássico e canto. Na adolescência, apresentou-se com grupos locais, formou sua própria banda e lançou trabalhos autorais antes de criar The Elton Show em 2007. As turnês ganharam força especialmente em 2014, quando a produção se expandiu e contou com a participação especial de Charlie Morgan, baterista oficial de Elton John de 1985 a 1997. Morgan — que tocou com Elton em álbuns e shows marcantes, incluindo o icônico Live Aid em 1985 — declarou: “Esta produção é o mais próximo que você chegará do real.”
Desde então, The Elton Show tem lotado teatros e festivais por toda a Europa e América do Norte, recebendo elogios constantes tanto do público quanto da crítica: “absolutamente hipnotizante”, “o melhor show que já vi” são comentários frequentes ouvidos durante as turnês pela Itália e pelo Reino Unido.
Com uma trajetória sólida até aqui, nossa entrevista com C. J. Marvin promete revelar os bastidores de uma carreira construída sobre o equilíbrio entre a figura lendária de Elton John e sua própria autenticidade artística. Vamos explorar desde sua formação musical até os desafios das apresentações e sua visão sobre como manter viva a herança do “Rocket Man” sem perder a própria identidade.
Robson Vianna: C. J., muito obrigado por aceitar este convite para a nossa entrevista. É um grande prazer conversar com você. Para começar, você poderia nos dar um breve resumo da sua trajetória como instrumentista e cantor antes de assumir o papel em The Elton Show? Como foi o seu início na música e quais foram os momentos-chave dessa fase da sua carreira?
C. J. Marvin:
Obrigado por entrar em contato, é sempre bom ser notado e reconhecido pelo trabalho — e com certeza houve algum ao longo da minha vida até aqui 😊
Comecei a estudar música relativamente tarde, aos 11 anos, por conta de mudanças importantes na minha infância.
Quando eu tinha 6 anos, no fim de 1970, meus pais se mudaram da Austrália para a Itália, e de repente me vi jogado em uma realidade totalmente nova, o que me deixou confuso e lutando por alguns anos até me adaptar.
Comecei a ter aulas de piano clássico em 1975, por 6 anos, e de canto por 3. Desde criança eu já sabia que não queria ser o próximo Beethoven ou algo assim — eu queria tocar e cantar, fazer música pop. Então, assim que comecei minhas primeiras aulas aos 11 anos, me concentrei em aprender as habilidades e como aplicá-las ao que eu sentia por dentro e precisava expressar. Fui um aluno muito rápido.
Depois de apenas alguns anos, fiz meu primeiro show pago em trio, com um baixista e um baterista... Exatamente como o Elton, anos antes 😊 hahaha!!
...e logo comecei a compor melodias que pediam por letras.
Em 1981, conheci um jovem letrista italiano, Robert Montanelli, com quem escrevi material suficiente para pelo menos 3 álbuns.
Sem nenhum contrato com gravadora ou empresário à vista, criamos a “The Marvin Band” com outros caras que acreditavam em nós o bastante para nos seguir por onde fosse. Começamos a agendar datas e pequenas turnês por conta própria no norte da Itália e em países vizinhos.
Ganhamos alguma popularidade em certas regiões entre 1985 e 1988 e continuamos com nosso material original por quase uma década, graças também ao apoio de algumas rádios regionais e algumas aparições de sorte na TV, que ajudaram a impulsionar nosso nome.
Ainda sem nenhum contrato no horizonte, em 1988 encerrei a The Marvin Band e comecei a ir 3 vezes por semana a Milão, onde, até 1991, trabalhei para algumas gravadoras como escritor externo, produzindo demos para artistas obscuros contratados e jingles para empresas que no fim nunca usavam nada... hahaha! Maravilha! 😊
Mas esses 3 anos de estúdio me deram o conhecimento para dominar a tecnologia de computador emergente da época, o que me permitiu, como cantor e pianista, ser independente de outros músicos, viajar sozinho e compor e criar onde quer que eu estivesse.
No fim de 1991, surgiu a oportunidade de me estabelecer em Basel, na Suíça, onde de repente me tornei um pianista de entretenimento em tempo integral, me apresentando extensivamente em clubes, bares, eventos privados — o que você imaginar.
Rapidamente me tornei bastante popular na Suíça e no circuito europeu de clubes de rock’n’roll, por conta daquela “pegada Elton” marcante, que já surgia com força nas minhas apresentações e me distinguia claramente de todos os outros.
Comecei a fazer todos os tipos de conexões. Dois meses na Suíça viraram mais uma década de loucura, durante a qual consegui economizar dinheiro suficiente para produzir, de forma independente, dois singles originais e dois LPs.
Ainda tenho algumas cópias encalhadas por aqui, se você quiser comprar uma... hahahaha!! 😊
Fiz turnês pela Europa por quase duas décadas como pianista de entretenimento — uma “prostituta musical”, na verdade — alternando músicas cover com músicas do Elton e composições próprias, até que The Elton Show ficou forte o suficiente para eu finalmente fazer a mudança definitiva.
Robson Vianna: Muitos de nós ouvimos Elton John pela primeira vez como apenas mais um artista entre tantos. Mas, em algum momento, algo nele se destaca — e é aí que nos tornamos fãs de verdade. No meu caso, o que me chamou atenção de imediato foi sua imagem extravagante, quase como um super-herói da DC ou da Marvel: ousado, colorido, impossível de ignorar. Em 1973/74, Elton John me lembrava o ator Frank Gorshin (o Charada) da série do Batman. Eu tinha 8 ou 9 anos de idade.
Você se lembra de quando descobriu Elton John? Houve alguma música em particular que despertou essa fascinação? Como foi esse “despertar”?
C. J. Marvin:
Eu me lembro muito bem daquela série do Batman... Acabei assistindo a ela inteira novamente há apenas alguns anos. Tão legal, tão cult! Eu adoro, e ela me traz muitas lembranças...
Lembro perfeitamente de quando descobri o Elton — e isso aconteceu em dois momentos diferentes na Austrália, em algum ponto de 1970, quando ele estava se firmando inicialmente mais como compositor do que como cantor/artista.
Meus pais, ainda jovens, ouviam muitos tipos diferentes de música e, no meio de uma pilha de discos de 45 rotações, apareceu de repente uma versão de “Bad Side of the Moon” cantada por alguém que, acho, se chamava “TOE FAT”, não tenho certeza.
Lembro que ouvi essa música várias vezes por causa do refrão marcante, cantando junto e me perdendo em pensamentos sabe-se lá pra onde — só descobri anos depois que era, na verdade, uma composição de John/Taupin.
Então, de certa forma, esse foi meu primeiro contato.
Mais tarde naquele mesmo ano, um amigo dos meus pais levou até nossa casa em Melbourne um compacto ou algum lançamento especial de “Your Song”, vindo da Inglaterra, cantado desta vez pelo próprio Elton — e aí foi definitivo pra mim.
Foi o timbre da voz, a interpretação vocal, a melodia do piano, o arranjo de cordas, a suavidade da canção — aquilo me sequestrou para sempre.
Era algo diferente, tão distinto de Elvis, The Platters ou Cilla Black, e de tudo o mais que eu ouvia o tempo todo — simplesmente adorei.
Consumi literalmente aquele disco. Na verdade, eu costumava “consumir” todos os meus discos do Elton naquela época... hahaha! Nenhum escapava 😊
E assim, com apenas 6 anos, decidi que era aquilo que eu queria fazer pelo resto da minha vida.
Claro que, naquela idade, eu não pensava em imitá-lo como faço hoje profissionalmente — mas decidi que queria cantar e fazer música como ele, só fui entender anos depois que ele também tocava piano.
Isso foi, com certeza, outro fator que me impulsionou com relação ao Elton. Ele era completo. Representava tudo o que eu esperava me tornar um dia como músico.
Posso afirmar com total sinceridade que só me tornei músico por causa do Elton — única e exclusivamente.
Mas, como disse antes, a mudança de vida entre Austrália e Itália me fez perder o contato com ele por alguns anos e me distraí, até 1974, quando meu irmão Robert chegou em casa (já na Itália) com uma fita cassete do álbum Caribou.
Foi uma revelação.
Não demorou para eu descobrir que o artista naquela fita era o mesmo de quem eu havia gostado anos antes — e, assim que conectei os pontos, agarrei firme e não soltei mais.
Eu o abracei de vez — e nunca mais deixei ir 😊
Desde o início, ele foi meu modelo, minha referência para aprender e me inspirar.
Ele fazia tudo aquilo que eu sonhava em fazer — ninguém era como ele, nem chegava perto.
Ele foi “o escolhido” pra mim desde o começo — e segui com ele a vida toda.
Robson Vianna: Você poderia ter seguido os passos de outros grandes artistas masculinos dos anos 70 — Billy Joel, David Bowie, Rod Stewart, Paul McCartney, James Taylor ou até mesmo Barry Manilow. Todos eles deixaram sua marca e tinham estilos distintos e marcantes.
O que fez você escolher Elton John como o artista a ser homenageado? O que tocou você de forma tão profunda a ponto de se dedicar inteiramente a esse tributo? Havia outras opções? Quais?
C. J. Marvin:
Sim, eu também ouvi bastante todos esses outros artistas, mas não — nunca houve outra opção pra mim.
Ouvi muitas coisas diferentes enquanto crescia e me desenvolvia como músico, mas nenhum outro artista me tocou como o Elton. Como eu disse, ELE é completo.
Sempre foi assim pra mim, sempre senti isso — uma atração muito forte, uma conexão especial com ele desde o começo.
O estilo vocal dele é tão bem definido e único, tão rico. O piano sempre acompanhando a voz de forma tão adequada e de bom gosto. Tudo sempre perfeitamente executado ao longo de todo o seu catálogo.
Nenhum outro artista, na minha opinião, conseguiu entregar tanta música mantendo ao mesmo tempo um padrão tão alto como o Elton… nunca. Duvido que algum dia haverá alguém como ele.
Além disso, nenhum outro artista foi tão consistente por tanto tempo, na minha visão. E ninguém chegou perto de ter o talento para produzir um corpo de trabalho como o que Elton e Bernie criaram ao longo das décadas — nenhum me conquistou como eles.
Simplesmente não existe quem possa competir com tanto talento e tantas bênçãos. E mais: ele sempre se reinventou, evoluiu, se renovou o tempo todo.
Eu mal podia esperar para ter em mãos seus lançamentos novos.
A voz do Elton amadureceu imensamente — de algo mais “cru” nos primeiros anos até aquela textura maravilhosa que surgiu por volta da era Madman... e dali em diante. E eu sempre amei sua forma de compor.
As músicas dele sempre estiveram mais próximas da minha sensibilidade do que as de qualquer outro artista — e isso por mais de 50 anos!
Os arranjos, as produções, os vocais de apoio da banda... Uau! Ouça “Pinky”, por exemplo...
Eram sempre tão incríveis que eu ouvia os discos todos os dias por horas e horas, só pra curtir tudo repetidamente...
Naquela época, eu podia — tinha tempo... hahaha! Agora não mais 😊
Eu costumava tocar minha coleção inteira de Elton diariamente, à medida que crescia com mais um LP por semana — presente dos meus pais com minha mesada 😊
Chegava fácil a passar 12 a 15 horas por dia ouvindo Elton do início ao fim — de Empty Sky até o disco mais recente que eu tivesse comprado — memorizando tudo enquanto cantava junto e descobria os acordes no piano.
Eu estudava música clássica só pra poder tocar Elton — e depois também pra aprender a compor minhas próprias músicas!! Hahaha! É verdade... 😊
Tudo isso me fez mergulhar tanto no som dele que, aparentemente, de algum modo acabei incorporando esse som como meu também.
Tocar Elton a vida inteira me soa como tocar minhas próprias músicas. É algo tão natural pra mim — sempre foi. As pessoas ao meu redor costumam comentar como tudo parece e soa tão espontâneo.
Na verdade, nunca sinto que preciso me esforçar pra soar como ele. Simplesmente sai assim.
Sou eu fazendo e quase “sendo” o Elton quando estou no palco.
Eu me entrego totalmente ao personagem. Acredito que o absorvi ao longo de uma vida de amor e dedicação — ele está em cada célula minha… 😊
Parece até preocupante… hahah! 😊
Mas tudo isso é só por conta do amor que tenho por ele e por sua obra.
Robson Vianna: Da ideia inicial até a primeira versão do show — antes mesmo de subir ao palco como Elton John — quais foram os maiores obstáculos que você enfrentou? Houve dúvidas, resistência ou desafios inesperados durante esse processo criativo?
C. J. Marvin:
Eu fui o obstáculo. Admito que fui muito relutante por bastante tempo em montar um tributo ao Elton John, justamente porque, em um certo ponto da minha carreira musical, eu estava lidando com a necessidade de ser eu mesmo.
Fui informado inúmeras vezes por executivos de gravadoras na Europa que eu não teria chance na indústria de verdade enquanto soasse tanto como o Elton — enquanto ele estivesse na ativa ou até mesmo vivo... Consegue imaginar isso??
Consequentemente, passei a tentar me “afastar musicalmente” dele durante boa parte dos anos 90, focando em mim mesmo — mas não sei se funcionou 😊
Em 1993, me envolvi artisticamente com uma escritora americana de Boston, Linda Teller, e mergulhei em um processo de composição com ela. Produzimos um material realmente muito bom.
O resultado foram 10 faixas originais excelentes, prontas para se tornarem nosso álbum Travelling Man algum dia.
Mas minha própria música soava — e acredito que ainda soe — muito mais profunda do que qualquer gravadora aceitaria lançar. O bom e velho “adult contemporary”, como alguns chamariam. Muito próximo, em sensação, daquele segundo LP do Elton John que me arrebatou décadas antes.
Hoje me sinto plenamente satisfeito e em paz por ter provado, antes de tudo a mim mesmo — e ao mundo — que eu era, e ainda sou, mais do que apenas “um músico de bar” ou “um imitador de outro artista”.
Inclusive tentei “me afastar do Elton” reduzindo drasticamente sua “presença” na minha vida e nos meus shows ao vivo, mas foram justamente as pessoas dos clubes onde me apresentava que, ao perceberem a semelhança com ele, começaram a me incentivar fortemente a criar um tributo.
Robson Vianna: Gostaria de saber mais sobre o seu público. Você percebe algum tipo de preconceito por parte dos fãs mais “puristas” de Elton John em relação a artistas de tributo? Pela sua experiência, os amantes da boa música — mesmo que não sejam fãs do Elton — tendem a acolher mais abertamente o seu trabalho?
C. J. Marvin:
Sem dúvida, há fãs do Elton espalhados pelo mundo que se sentem irritados e incomodados com toda essa coisa de tributo. Nem todo mundo recebe bem esse tipo de show — e não sei exatamente por quê… mas talvez eu até saiba.
As tendências musicais das últimas décadas — com todo o Rap, Hip Hop, Dance, Trance, Loops, etc. — sem contar o Jazz, que é praticamente outro planeta à parte — tornaram literalmente impossível a sobrevivência de muitos cantores e músicos de pop.
Acho que a “indústria dos tributos” acabou se tornando o lugar inesperado onde todos — bons ou medianos — puderam se refugiar, e isso fez esse setor explodir no mundo todo como a única forma de ganhar a vida antes de ter que procurar outro trabalho… ou hobby.
Infelizmente, há muita coisa de baixa qualidade nesse meio, e muitas paródias terríveis feitas por pessoas que acham que estão fazendo algo incrível. Não é de se estranhar que a indústria receba bastante negatividade.
Por outro lado, alguns shows são realmente bons — até excelentes — mas tem muita gente por aí que simplesmente veste uma fantasia ruim, nem sabe cantar ou tocar direito, e resolve dizer “Ahh, agora vou fazer Elton John” — ou talvez Beatles, Nirvana — de um dia para o outro.
Essa é uma abordagem totalmente amadora, e não é assim que se constrói uma reputação.
É preciso muito mais do que isso para conquistar o respeito do público e, mais importante ainda, para que as pessoas saiam felizes e queiram te ouvir novamente numa próxima vez.
Falando do Elton em si, ele é simplesmente importante demais, respeitado demais, amado demais pela maioria de seus fãs para que eles gostem de ver alguém detonar suas músicas numa pantomima boba, feita por um pianista mediano.
Há pessoas que deixam muito claro que estão incomodadas quando alguém “estraga” o Elton — e eu concordo plenamente.
Eu mesmo fico profundamente incomodado quando vejo alguém no palco tratando ele com desrespeito. Por isso sou sempre muito rigoroso com os meus próprios padrões, os padrões da minha banda, e com tudo o que entregamos no show.
Nós vendemos uma ilusão — cobramos um valor considerável por isso — então precisa ser bom.
Se não for, que se apresente pros amigos em casa, mas não vá ao público destruir a reputação de toda uma indústria e de outros artistas que se importam em fazer bem feito — a menos que esteja preparado para lidar com os insultos.
Shows ruins de um mesmo tema acabam prejudicando todos os outros que fazem a mesma coisa — mesmo que seja a primeira vez daquele artista em um lugar, ou mesmo que ele venha de outro país.
Uma vez que a confiança se perde, ela se perde para todos.
Já vivenciamos isso algumas vezes, quando promotores decidiram não nos contratar porque já tinham tido uma experiência anterior com outro artista que era simplesmente horrível.
Depois disso, dá um trabalho imenso e exige muito esforço para mudar a percepção das pessoas e conseguir uma chance de ser contratado em um novo local, depois que o público teve uma má impressão com o mesmo tipo de produto.
Eu entendo por que muitas pessoas têm uma visão negativa ou cética sobre esse mercado.
Só espero que consigam distinguir entre aqueles que, de alguma forma, desrespeitam o Elton — falando especificamente sobre o meu caso — e aqueles que, ao contrário, têm algo de qualidade a oferecer, algo digno, bem executado, que os deixe encantados, recupere a confiança e os faça querer ver o show novamente.
Nós, que fazemos esse tipo de trabalho, precisamos manter sempre a humildade.
Mas a maioria desses atos improvisados de tributo simplesmente não entende isso, cria atitude, e gera uma visão negativa sobre toda a indústria — brincando com algo que as pessoas amam.
Os que abraçam os artistas de tributo sem nenhuma reserva geralmente são aqueles que não conhecem tanto o artista original e/ou simplesmente não ligam para os detalhes — querem apenas sair, ver uma apresentação e se divertir.
Esses são fáceis de agradar.
Mas não são esses que eu — junto com minha equipe no The Elton Show — tenho como foco.
Nossa visão é completamente diferente de como as coisas devem ser feitas.
Nos concentramos em tudo o que pudermos fazer para oferecer a melhor experiência possível àqueles que realmente enxergam, realmente ouvem os detalhes, prestam atenção, e sabem perceber se você fez ou não o trabalho direito.
Essas são as pessoas cujos corações queremos conquistar — e esse é o verdadeiro desafio que nos propomos a cada vez que subimos ao palco, seja qual for a preferência musical delas.
Robson Vianna: Conte um pouco sobre sua equipe. Quem são as pessoas que te acompanham nessa jornada — tanto no palco quanto nos bastidores? Como é trabalhar com músicos e profissionais que compartilham essa missão de homenagear Elton John com tanta fidelidade?
C. J. Marvin:
Para começar, The Elton Show é basicamente uma produção australiano‑norueguesa, fruto da minha parceria com a norueguesa Veronica Haugland, que há oito anos me ajuda a criar os formatos com que atualmente saímos em turnê.
Lá no início, muitos anos atrás, concebi o show como um projeto que reuniria músicos diferentes — de certo modo, amigos meus — de várias partes do mundo, para sublinhar a universalidade da música e da persona do Elton.
No fim de 2007, éramos apenas eu (australiano), duas cantoras norueguesas e uma brasileira: um quarteto bem simples de piano e vozes, em que as incríveis harmonias do Elton dominavam os arranjos.
Em 2017, trocamos as cantoras por três novas italianas, experientes como trio vocal, e em 2018 trouxemos também um baterista suíço para cobrir o Charlie quando ele não podia estar.
Como você vê, é um grupo bem diverso e internacional — todos muito respeitosos com o Elton, sua música, minha visão e a meta que a nossa empresa se propôs a alcançar.
Então veio a pandemia e arruinou tudo entre 2019 e 2022. O mercado encolheu bastante, e tivemos de repensar viagens e custos.
Por isso, nos últimos três anos, passamos a atuar com uma nova banda formada majoritariamente por italianos, um francês e ainda o percussionista espanhol fazendo o papel de Ray Cooper, claro — ele não sai por nada, hahaha! 😊
Todos os artistas atuais amam o projeto e me seguiriam até o inferno e de volta. Confiem na minha liderança e entenderam que nada menos que o melhor deles serve para mim e para o show.
Viajamos sempre, descobrindo novos lugares, e nos sentimos realmente sortudos por fazer o que amamos — recebendo de volta tanto carinho e reconhecimento, simplesmente por executar algo que tantas pessoas no mundo inteiro têm verdadeira paixão.
Eis a equipe — vamos aplaudi‑los virtualmente pelas contribuições incríveis, certo?
Nosso webmaster, há vários anos, é Volker Bussmann, em Basel/Suíça — e a lista termina por aí.
Em geral, usamos alguns roadies locais, mas eles não fazem parte da “família” — são apoio contratado pelos promotores onde quer que toquemos.
C.J. Marvin com Elton e Sua Banda
Robson Vianna: Você teve a oportunidade de conhecer Elton John pessoalmente, certo? Pode nos contar como foi esse encontro e qual foi o impacto disso na sua trajetória?
E, do ponto de vista legal, como funciona a produção desse tipo de show? Há permissões ou limitações legais envolvidas ao retratar a imagem e a obra de um artista tão renomado?
C. J. Marvin:
Sim, conheci o Elton — e mais de uma vez. Na verdade, já foram cerca de 12 ou 13 encontros ao longo de 45 anos.
Algumas vezes por mais tempo, outras apenas para um “oi rápido”, dependendo das circunstâncias em que estávamos.
Nem tenho certeza do número exato, já faz tanto tempo… teria que revisar meus arquivos para descobrir.
Mas posso te contar exatamente como tudo começou.
Em 1980, eu tinha 16 anos, morava em Trieste, na Itália, era um adolescente comum, um jovem estudante tentando construir minha vida em torno da música, já completamente devoto ao Elton havia muitos anos.
Em novembro daquele ano, recebi a visita de alguns parentes que me disseram que o Elton estaria em turnê pela Austrália no mês seguinte.
Havia essa minha tia maluca — todos nós parecemos ter uma… hahah! — que se ofereceu para me levar de volta com eles à Austrália para tentar encontrar meu ídolo. Que ideia louca...
Aproveitei a oportunidade, me libertei das amarras depois das inevitáveis brigas e tensões familiares, congelei meus estudos e parti em missão.
Cheguei “em casa”, em Melbourne, no dia 5 de dezembro, e no dia 7 já estava na cidade tentando desesperadamente conseguir ingressos para os shows que aconteceriam dali a uma semana, sonhando finalmente em ver meu ídolo ao vivo pela primeira vez.
Sem chance. Tudo esgotado. Fui informado de que todos os ingressos para os três shows em Melbourne haviam se esgotado há muito tempo.
Mas um dos guichês de ingressos me deu o número deles, dizendo para eu ligar mais perto das datas e tentar de novo, caso houvesse cancelamentos de última hora.
Arrasado, sem esperança de assistir aos shows, decidi que não desistiria.
Alguns dias depois, o impossível aconteceu.
Houve mesmo alguns cancelamentos e, de repente, ingressos para os três shows ficaram disponíveis.
Claro que corri para o centro da cidade para comprá-los. Pelo menos os shows estavam garantidos agora. 😊
As notícias confirmaram que Elton finalmente estava na cidade. Então, minha tia maluca sugeriu que eu saísse numa “caçada ao Elton” pelos hotéis mais luxuosos, porque ela disse que sabia onde a maioria dos VIPs costumava se hospedar.
Ela me deu quatro nomes, quatro endereços, um mapa… e me mandou embora: “Vai!” Hahahaha! 😊
Na manhã do dia 10 de dezembro, me vesti bem — com meu novíssimo terno tipo safari, cor creme — e peguei o bonde sozinho em direção ao centro da cidade, indo naturalmente para o primeiro hotel da lista, que também era o mais próximo de onde morávamos, em Surrey Hills.
Na época, o hotel se chamava “Hilton on the Park” — hoje, se não me engano, virou “Pullman Hotel” ou algo assim.
Entrei no saguão por volta das 10h da manhã e imediatamente vi um banner promovendo os dois ou três álbuns mais recentes do Elton. Senti que “eles” tinham que estar ali! Eu não conseguia acreditar.
Mal entrei na área do café da manhã e, de novo, não acreditei no que vi: estavam lá o Nigel (Olsson), o Lou (Richie Zito) e o James (Newton Howard), além de uma mulher que os acompanhava!
Fiquei em choque. Por puro acaso — e talvez pela primeira vez na vida — naquela manhã eu estava no lugar certo, na hora certa.
Esperei que eles saíssem e os abordei com muito respeito.
Disse quem eu era e o que estava fazendo ali, destacando que tinha feito aquela longa viagem só para tentar vê-los.
Tudo o que eu esperava era um autógrafo do Elton e talvez uma foto — quem sabe até de alguém da banda também... O que mais eu poderia esperar? Na verdade, nem sei o que eu esperava naquela época... hahaha! 😊
Todos me receberam com muita gentileza, mas o James pediu para ver a passagem aérea e o passaporte que eu segurava enquanto falava com eles. Foi aí que ele percebeu o quão jovem e, de fato, genuíno eu era. Então me disse para esperar um pouco, pois ele faria uma ligação do telefone do saguão... Lembre-se: estamos falando de 1980, muito antes da invenção dos celulares... 😊
Alguns minutos depois, ele voltou até mim, depois que o Nigel e os outros se despediram e foram embora, e me disse que o Elton estava ocupado, mas que ficaria feliz em me encontrar mais tarde naquela manhã, se eu tivesse tempo para esperar — mas que eu precisaria ser paciente.
Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo! O que estava acontecendo??
Sonhos e esperanças infantis estavam, inesperadamente, se tornando realidade? Liguei para minha tia maluca para contar o que estava acontecendo e me sentei em um canto tentando manter a compostura, garantindo que não fosse retirado dali por nenhum motivo — enquanto ela, empolgada por mim, também vinha a caminho do Hilton. 😊
C. J. Marvin:
Depois de 5 ou 6 horas, todos os elevadores do saguão se abriram quase ao mesmo tempo e uma multidão de pessoas com câmeras, luzes e microfones invadiu o espaço — o que me permitiu, no meio daquela confusão, avistar um chapéu preto de cowboy... e lá estava ELE.
Elton e parte de sua equipe haviam acabado de conceder uma entrevista para a imprensa em alguma sala no andar de cima e estavam prestes a sair para outro compromisso.
James e eu nos reconectamos, e ele me chamou, passando por entre os seguranças, para que eu pudesse encontrar o homem ali mesmo.
Elton de fato parou sua saída do hotel para conversar comigo. Ele se apresentou — como se fosse necessário... hahaha! — e, assim que pegou meu nome e quebramos o gelo, me perguntou se era verdade que eu tinha viajado da Itália para a Austrália só para vê-los.
Disse que, até aquele momento de sua carreira, nunca tinha ouvido falar de alguém que tivesse feito algo assim por ele, e ficou muito, muito impressionado.
Confirmei, e de alguma forma encontrei coragem para lhe mostrar meu passaporte e a passagem aérea também — eu precisava que ele acreditasse em mim.
E ele acreditou. Curiosamente, também percebeu que tínhamos nascido no mesmo dia e soltou uma gargalhada alta, surpreso.
Ele me abraçou de forma meio “protetora” depois de perceber que eu tinha apenas 16 anos — ele tinha 33 naquela época — e me disse que eu não precisaria mais de ingressos para os shows, caso já os tivesse. Com James e outro membro da equipe presentes, ele garantiu que eu teria acesso.
Ele tirou um crachá de backstage e disse: “Charlie... (era assim que ele me chamava naquela época, já que eu era tão jovem) ...aqui está! Pelos próximos 3 dias, seja minha sombra”, e colou o crachá no meu peito, dizendo que precisava ir, mas que nos veríamos novamente nos shows a partir da noite seguinte.
E lá foram eles para as limusines que os aguardavam, enquanto eu voltava para a casa dos meus tios tentando entender o que tinha acabado de acontecer.
A partir dali, vivi 3 dias mágicos ao redor de todos eles.
Assisti aos meus três primeiros shows do Elton no Melbourne Festival Hall, fiquei amigo da banda e da equipe mais próxima dele nos bastidores — até mesmo de Clive Franks, seu antigo engenheiro de som, que foi quem tirou aquela primeira foto épica minha com o Elton nos bastidores, os dois vestidos de vermelho.
Mas o encontro mais especial e inesperado, além do próprio Elton e da banda, foi certamente com sua mãe, Sheila. Tive coragem de pedir um autógrafo a ela numa das noites.
Ela foi muito gentil comigo, por ser um fã tão jovem e determinado. Ter ainda hoje esse autógrafo é algo realmente especial — principalmente agora, depois que ela faleceu há alguns anos.
Na noite do primeiro show, enquanto estava nos bastidores, entendi que todos estavam lidando com as repercussões do assassinato de John Lennon, que havia ocorrido em 8 de dezembro.
Esse também foi um dos motivos pelos quais tive que esperar tanto tempo no saguão no dia 10.
Ao fim dos três “dias de sonho” e do terceiro show em Melbourne, em dezembro de 1980, nos despedimos com a promessa de nos encontrarmos novamente algum dia, em algum lugar, de alguma forma.
Ele seguiu com sua vida de megaestrela e eu voltei para os estudos e para uma existência bem mais modesta... haha! 😊
Você me pergunta qual foi o impacto disso tudo em mim…?
Bem, aquele episódio inacreditável com o Elton e todos eles me deu a convicção de que, na vida, é preciso ousar. É preciso ter coragem de correr atrás dos seus sonhos — custe o que custar.
Caso contrário, prepare-se para uma vida de arrependimentos e frustrações. E esse não seria o meu caso.
Aquilo me deu forças para acreditar no poder de uma mente clara e de um coração apaixonado — e para aplicar isso em tudo o que decidi lutar.
Me ensinou a ser forte, perseverante, paciente, determinado, resiliente.
A nunca desistir dos meus sonhos e esperanças, se eu realmente quisesse algo.
Mas também a ser honesto e verdadeiro comigo mesmo e com quem estivesse ao meu redor — porque as pessoas percebem quando você não está sendo.
Essa experiência me moldou de uma forma que me deu, por toda a vida, a força para lutar pelas coisas que realmente importavam pra mim.
A não deixar ninguém me desviar, me desencorajar ou me convencer a seguir por caminhos que não eram meus.
A ser eu mesmo, custe o que custar.
Esse tipo de atitude diante da vida certamente teve um papel fundamental na pessoa que me tornei, e me ajudou a superar muitas das dificuldades que todos nós enfrentamos.
Sem dúvida alguma.
E sobre o aspecto legal de produzir esse tipo de show? Existem permissões ou limitações legais ao retratar a imagem e a obra de um artista tão renomado?
Agora você está indo direto ao ponto, gostei disso 😊
C. J. Marvin:
Até onde eu sei, Elton e sua equipe nunca demonstraram intenção de encerrar o trabalho de pessoas que tentam ganhar a vida o retratando no universo dos tributos. Já existem tantos fazendo isso atualmente.
Acredito que o Elton entende muito bem o quão abençoado ele foi ao longo de toda a sua vida como músico, e que, de certa forma, permite que artistas menos afortunados usem sua música e certa imagem dele — até certo ponto, pelo menos — para sustentar suas famílias.
Mas, claro, existem regras a seguir.
Você não pode simplesmente montar um show e lucrar com o trabalho criativo de outra pessoa.
Existem empresas específicas em todo o mundo — bem, no mundo ocidental civilizado, pelo menos — que são responsáveis por proteger os direitos autorais individuais.
Todo promotor que organiza um show normalmente precisa obter algum tipo de autorização da empresa responsável pelos direitos autorais em seu país, que representa os interesses do artista cuja obra você deseja usar.
Para cada apresentação, há taxas percentuais a serem pagas, de acordo com os preços praticados e o número final de ingressos vendidos. Essas taxas são então repassadas — sempre em forma de porcentagem — para os que têm direito: o compositor, o letrista, o arranjador, o produtor, etc.
É um grande negócio que gera milhões de dólares no mundo todo — e é por isso, imagino eu, que toda essa “indústria dos tributos” é permitida e funciona tão bem.
Pense em todas as rádios, filmes, bares, clubes, aviões, elevadores de hotel, casas de shows, e tudo o que acontece na internet — todos, de alguma forma, precisam pagar direitos autorais, que então são direcionados aos criadores do conteúdo utilizado.
Acho que eu devia tocar mais minhas próprias músicas… hahaha! E fazer com que todos os meus amigos músicos também as toquem… hahaha! 😊
Qualquer outro custo envolvido na produção de um show fica por conta do artista e sua equipe, ou do promotor.
São eles que decidem quanto investir em banda, divulgação, luz e som, aluguel de local, cenografia e tudo o mais.
Essa é a verdadeira aposta.
Se você atrai público para os seus shows, pode se sair muito bem. Mas, se não atrair, sai rapidamente do negócio nesse ramo.
Robson Vianna: Em sua trajetória para construir esse tributo ao Elton John, qual foi o aspecto mais desafiador de incorporá-lo no palco? Foi a voz, os gestos, o piano, os figurinos — ou algo mais profundo, como a energia e a presença cênica dele?
C. J. Marvin:
Manter a forma — antes de tudo, conseguir continuar vestindo os figurinos… hahaha!!! Esse é o meu maior desafio 😊
Na minha idade, tenho uma facilidade enorme para ganhar peso, e vivo numa batalha constante com a comida, os carboidratos e as calorias… 😊 Isso é tão estressante… hahah! Mas, sinceramente, é a única coisa com a qual eu realmente luto.
Como comecei a ouvir Elton muito cedo na vida, tudo isso que você mencionou acaba vindo de forma bastante natural para mim hoje — e, na verdade, sempre veio. Acho que é pelo tempo de vida que passei fazendo isso no meu mundo particular.
Cantar e tocar piano no estilo dele é algo totalmente natural pra mim porque, como disse antes, fiz o trabalho duro durante muitos anos. E, aliás, esse é um dos comentários positivos que mais ouço das pessoas.
Muita gente me diz o quanto pareço natural interpretando Elton — tão diferente da maioria dos imitadores, que a gente percebe claramente forçando a voz, tentando imitar à força aquela “qualidade vocal única” do Elton.
Acredito que, ao fazer isso de forma natural, acrescento um forte elemento de autenticidade à minha performance, o que faz tudo fluir melhor.
É muito cansativo ouvir qualquer versão forçada e artificial de uma música. É terrível. Não é a ilusão que as pessoas esperam… É só um cara fantasiado.
Os trejeitos também vêm de forma muito natural pra mim, depois de ter assistido ao Elton por tanto tempo.
Aprendi desde o início que, durante determinada frase, determinado solo ou momento musical, ele adota certos comportamentos. Ele faz as coisas de forma muito rotineira e específica. Basta prestar atenção.
Se você quer ser o melhor, tem que focar nos detalhes. E por ter observado por tanto tempo, hoje esses “comportamentos do Elton” surgem em mim automaticamente — quando estou me apresentando, claro…
Aprendendo todos os dias a ser um “Elton melhor”, presto atenção até em como ele costumava levantar uma das sobrancelhas em certos momentos, ao fazer um esforço específico. Isso é profundo!! Hahah! 😊
Mas é preciso ser o melhor no que você faz — senão, pra mim, não faz sentido.
Observo a concorrência, e consigo perceber imediatamente quem começou “ontem”, achando que tudo o que precisa é um figurino e alguns acordes para sair por aí fazendo.
Isso realmente não é suficiente.
Essa abordagem nunca funcionou comigo — e nunca vai funcionar.
Mas essas são, na verdade, a maioria das pessoas com quem eu concorro — apresentações improvisadas, quase “paródias”, das quais eu faço questão de me distanciar, assim como The Elton Show.
No fim das contas, tudo depende das expectativas e dos objetivos de cada um...
Por conta da minha conexão ocasional com o Elton e sua banda ao longo das décadas, decidi que, se fosse entrar nesse tipo de arena, meu show teria que estar à altura das expectativas — e ser o melhor que eu pudesse entregar.
Seria devastador receber uma ligação de alguém do círculo do Elton dizendo:
“Ei, C.J., para com isso, o que você pensa que está fazendo?? Chega! Isso é ridículo!”
…hahaha! Isso seria terrível… 😊 Não, obrigado — eu realmente quero evitar isso 😊
E o fato de eu sempre ter trabalhado duro tentando ser o melhor com certeza ajudou quando liguei para o Charlie (Morgan) pedindo ajuda, ou quando tive a oportunidade de tocar com o John Jorgenson em algumas ocasiões em 2019.
Eles entenderam quais são os meus padrões.
Robson Vianna: Sou parente de um cantor famoso que ficou conhecido nos anos 1970. Lembro dele me buscar na escola, e eu ficava impressionado com a multidão que se formava ao redor — como se aquilo fizesse parte da rotina dele, 24 horas por dia, onde quer que fosse.
Artistas — especialmente grandes ídolos — acabam sendo vistos como figuras quase divinas. Na sua opinião, esse tipo de adoração e projeção afeta a psicologia de um artista? Como é possível equilibrar a figura pública com a pessoa real por trás dela?
C. J. Marvin:
Com certeza isso afeta sua cabeça quando você atinge certos níveis de fama.
Não posso comentar muito sobre isso do ponto de vista pessoal, porque de forma alguma estou nessa posição, mas sabemos que a fama, o sucesso, toda a atenção e adoração recebidas — e o poder que tudo isso gera — mudaram muitas pessoas boas para pior.
Muitos acabaram até se envolvendo com a justiça por forçar os limites, por escândalos que eles mesmos provocaram por não levarem uma vida mais moderada e seletiva.
A melhor forma de lidar com isso, antes que você se perca, é — acredito eu — manter os pés no chão, conectado com pessoas fora desses círculos extremamente privilegiados.
O próprio Elton, segundo ele mesmo admite, viajou bastante (no mau sentido) nos anos 70 e 80, mas felizmente — e graças a Deus — ele tinha Watford para onde podia voltar. Ele sempre diz que isso salvou a vida dele.
Manter-se o mais normal possível pode ser uma boa forma de evitar tudo isso — evitando os excessos que destruíram tantas celebridades no passado.
Robson Vianna: Conte-me um pouco sobre suas apresentações. Em quais países você já esteve com The Elton Show? Houve algum momento especialmente marcante — seja pelo entusiasmo do público, por um desafio inesperado ou por algo simbólico?
E olhando para o futuro: onde serão suas próximas apresentações? Há alguma novidade que você possa compartilhar conosco?
C. J. Marvin:
Já estivemos em tantos lugares até agora. Começamos na Noruega, claro, já que a primeira produtora por trás do show era sediada lá. E nesses 18 anos de existência de The Elton Show, estivemos — com nossos vários formatos — por toda a Escandinávia, por toda a Europa, literalmente em quase todos os países, até mesmo nos menores e independentes fora da União Europeia, mas ali no meio dela.
Depois vieram o Reino Unido, as Ilhas do Canal, a Suíça, os Bálcãs — passando por Eslovênia, Croácia, até a Sérvia — além do Canadá e, em duas ocasiões, os Estados Unidos, em turnês organizadas pela nossa equipe de gestão.
E ainda continuamos fazendo tudo isso sempre que surgem convites adequados.
Em 2023, comecei também a me apresentar a bordo de um navio de cruzeiro ultra luxuoso chamado Crystal Symphony, da Crystal Cruises.
Graças a isso, levamos minhas interpretações de Elton John e a marca The Elton Show a plateias ainda mais distantes.
Navegando literalmente o mundo por quase dois anos (em temporadas alternadas), e recebendo a bordo convidados de praticamente todos os países banhados pelo Mediterrâneo, da África, de toda a Ásia e do Oceano Índico, Japão, Austrália, México e da América do Sul — como Argentina, Chile e Brasil — posso dizer com segurança que minhas versões do Elton foram, e continuam sendo, apreciadas quase no mundo inteiro, por pessoas das mais diversas origens e culturas.
É inacreditável ver e sentir, com os próprios olhos e ouvidos, o quanto o nome e a marca Elton John são verdadeiramente universais.
Nossas apresentações ao longo dos anos foram muitas — e marcantes em diversas ocasiões.
Tantas memórias incríveis… quer eu estivesse me apresentando SOLO, em DUO, apenas com nossas três cantoras em espaços menores, ou com a banda completa de 9 integrantes em grandes eventos.
Houve momentos em que se podia ouvir um alfinete cair, como quando toquei “Candle in the Wind” sozinho, na Itália, para mais de 4 mil pessoas — ou então para apenas 33 convidados numa noite privada especial, na Alemanha.
O mais incrível de tudo isso é o nível de amor que o público, em todo o mundo, demonstra por Elton John.
E parte desse amor muitas vezes acaba se voltando também para mim, por ser uma espécie de “mensageiro” — em forma de respeito e tratamento que talvez eu jamais teria recebido ou sequer sonhado.
Isso acontece porque devolvo às pessoas algo que elas perderam com o tempo — eu trago de volta memórias do passado de uma maneira que poucos conseguem.
Levo o público a revisitar, por meio de emoções musicais, lugares da mente e do coração que, de outra forma, eles jamais conseguiriam alcançar.
Essa é a verdadeira beleza e a mágica de ser um artista de tributo ao Elton John.
Como esta entrevista acontece agora, em julho de 2025, nossos próximos compromissos neste ano são:
🎵 Várias novas apresentações a bordo do navio Symphony, de meados de julho até o final de setembro
🎵 Dois grandes shows ao ar livre na Itália, no fim deste mês
🎵 Nossa estreia em Mônaco–Monte Carlo, com 3 noites em uma das casas de música mais exclusivas do Principado, pertencente — dizem — ao próprio Príncipe Albert
🎵 E uma novidade fresquinha: surgiu há poucos dias a possibilidade de uma estreia em Macau/China — a “Las Vegas da Ásia” — entre meados de outubro e meados de janeiro de 2026, em um dos maiores cassinos do mundo.
Para 2026, temos já planejados:
🎵 Um evento na Suíça, em meados de janeiro
🎵 Novas datas na Itália — em Pádua, Roma, talvez Turim e Bolonha — mas ainda estamos aguardando confirmações do nosso promotor local
🎵 E o projeto em Macau/China pode voltar também entre fevereiro e abril
🎵 E, por fim, uma nova série de apresentações muito provável a bordo do Symphony, durante a primavera e o verão.
Robson Vianna: Para além de The Elton Show, existe algum trabalho pessoal ou autoral seu que possamos conhecer? Alguma produção, gravação ou projeto artístico fora do universo do Elton John que você gostaria de compartilhar com o público?
C. J. Marvin:
Sim, com certeza! Antes de The Elton Show — e digo isso agora para quem talvez não tenha acompanhado desde o início — eu era um compositor e intérprete bastante ativo, em turnê por casas de espetáculo da Europa com repertório próprio e também de covers.
Além disso, eu era um artista independente de gravação.
Tive uma longa trajetória de atividade ao longo dos anos 80, 90 e até os anos 2000, antes de me tornar exclusivamente um pianista de entretenimento por mais alguns anos.
Durante todo esse período, é claro que fiz muitas gravações, mas nem tudo está disponível ao público.
Ficarei muito feliz se algum dos seus leitores quiser visitar meu canal original como artista no YouTube — o canal C.J. Marvin — e, quem sabe, deixar um like 😊
Ele está bastante abandonado há muito tempo por conta de toda essa correria com o “universo Elton”, mas, se me lembro bem, tudo o que está lá é bem aceitável e apresentável… Você realmente me fez pensar nisso agora… hahaha!
Aqui estão alguns links:
https://www.facebook.com/therecordingartist1/
https://www.facebook.com/theeltonshow/
Robson Vianna: C. J., muito obrigado por compartilhar sua história, suas experiências e sua paixão pela música conosco. Foi um prazer conhecer mais sobre o artista e a pessoa por trás de The Elton Show. Desejo a você ainda mais sucesso nas próximas apresentações e que seu trabalho continue emocionando plateias ao redor do mundo.
C. J. Marvin:
Obrigado, meu amigo, e obrigado a todos os seus seguidores — e a todos que realmente tirarem um tempo para ler esta longa “memória” 😊
Foi um verdadeiro prazer compartilhar tantos episódios e experiências da minha vida com vocês.
Cuidem-se bem e desejo a todos uma vida longa, feliz, saudável e próspera.
Que Deus abençoe todos vocês — e Elton John ❤️
Elton John: Live at Wembley Empire Pool – 3 de novembro de 1977
Concerto completo restaurado pela BBC pela primeira vez em 1080p.
Elton John: Live at Wembley 1977
Este concerto especial beneficente de Elton John na Wembley Arena – então chamada de Empire Pool, Wembley – foi originalmente exibido na BBC1 em uma noite de novembro de 1977 e reduzido para 50 minutos para se encaixar entre os programas Are You Being Served? e um episódio de Panorama.
O show ficou famoso por marcar o momento em que Elton anunciou sua aposentadoria das turnês ao vivo – uma decisão que, para alívio dos fãs ao redor do mundo, ele felizmente acabou revertendo.
Agora, com imagens adicionais dos arquivos da BBC, esta versão estendida do concerto está sendo exibida pela primeira vez, restaurando performances clássicas de músicas como Bennie and the Jets, Don’t Let the Sun Go Down on Me e Don’t Go Breaking My Heart.
Esta nova versão também traz uma participação especial e extremamente rara de Stevie Wonder, que se junta a Elton no palco.
Setlist do concerto:
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Better Off Dead
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Daniel
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Roy Rogers
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The Goaldiggers Song (estreia ao vivo)
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Where to Now St. Peter?
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Shine on Through (estreia ao vivo)
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Tonight
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I Heard It Through the Grapevine (cover de Gladys Knight & the Pips)
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Island Girl
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Candle in the Wind
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One Horse Town (estreia ao vivo)
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Bennie and the Jets
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Rocket Man (I Think It's Going to Be a Long, Long Time)
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Cage the Songbird
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Levon
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Don’t Let the Sun Go Down on Me (Elton anuncia sua aposentadoria dos palcos)
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(Gotta Get a) Meal Ticket
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Sorry Seems to Be the Hardest Word
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Philadelphia Freedom
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Funeral for a Friend / Love Lies Bleeding
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Your Song
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Don’t Go Breaking My Heart (com Kiki Dee)
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Bite Your Lip (Get Up and Dance!) (com Stevie Wonder – estreia ao vivo)
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